terça-feira, 7 de julho de 2009

Poder II

Uma particularidade muito presente nos textos bíblicos é a adequação do bem face ao poder. Na leitura da Epístola aos Romanos, S. Paulo evidencia a necessidade de um bom cristão de se submeter ao poder. O próprio Santo Agostinho nas Confissões identifica o pecado original com o pecado da desobediência. Obviamente que S.Paulo, além de ter em mente fundamentar uma convivência pacífica com Roma, sabia que Jesus Cristo era o alfa e o ómega, o princípio e o fim (ver Álvaro Pais, Espelho dos Reis); o poder temporal, humano, está ao serviço das vicissitudes pecaminosas do homem, o que não significa que Deus não esteja lá presente, pelo menos mediatamente, por que imediatamente estão os seus representantes, o que, no caso de S. Paulo, se concretizava. Portanto, «submeta-se cada qual às autoridades constituídas. Pois não há autoridade que não tenha sido constituída por Deus e as que existem foram estabelecidas por Ele.» (São Paulo, «Epístola aos Romanos», in Bíblia Sagrada, Verbo Lisboa, 1982, pág. 1291). O horizonte desta postura pode ser encontrado num conceito muito caro à tradição cristã em geral e católica em particular: a Unidade como contraponto à diversidade, esta sim, pode protagonizar a pulverização e o pecado, a divisão e a desordem, o primado da matéria sobre o espírito.

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