terça-feira, 28 de julho de 2009

Poder IV

A partir da descrição feita do chefe dos Nambiquaras na obra de Levi Strauss, parece claro a existência de uma liderança legitimada pela sua acção: na resolução dos problemas, na antecipação de situações, dinamismo na escolha de itinerários, em suma, o chefe é o que expõe, criando uma identidade grupal. Max Weber define bem este poder: «Probabilidade de impor a vontade a outrem.» (Max Weber, Três Tipos de Poder Legítimo, trad. Artur Mourão, www.lusosofia.net. Pág.3).

O Poder Legal caracteriza-se por uma autoridade possuidora de dois elementos fundamentais: heteronomia e heterocefalia. É resultado de uma vontade exterior ao indivíduo e, por isso, é formal. A regra é o seu leit motiv e o seu ideal é ordenar de acordo com objectivos pré-definidos. O objecto é burocrático, encontrando-se materializado, segundo Weber, nos modernos estados e nas empresas capitalistas (Max weber, op. cit. Pág. 4).

O Poder Tradicional existe para além da legalidade, legitimando-se na tradição dando corpo à máxima «valendo desde sempre» (Max Weber, op.cit , pág. 5). A dominação patriarcal é o seu máximo expoente e possui raízes numa subordinação inevitável face ao poder tradicional. Cria-se, por isso, uma rede de dependências, exercendo o governo por meio da aversão, da emoção, do agrado e, acima de tudo, dos favores pessoais. Weber apresenta dois tipos de poder tradicional: o poder segundo ordens e o poder puramente patriarcal (Weber, op cit, pág. 5 e ss). O primeiro está vinculado à estrutura patriarcal (clã, chefe de família…), é o tipo mais puro do poder tradicional; o segundo representa mais um nível de administração mas cuja servidão lhe está intimamente ligada. A posse é traduzível por este tipo de poder em que os meios de administração são inteiramente desenvolvidos e legitimados pelo senhor, diferenciando-se, por isso, do poder legal pela sua forma intrínseca de deliberação de normas.

Finalmente, o poder carismático vai corresponder com uma ruptura do poder tradicional. Reconhece-se no líder a capacidade para desviar as relações habituais. Caracteriza-se por uma dedicação especial, pelos seus discursos, revelações mágicas, pela postura heróica, a uma pessoa. Os seus tipos mais puros são a autoridade do profeta, o herói guerreiro e o demagogo. Este último é uma invenção dos estados ocidentais contemporâneos; os outros dois correspondem a mecanismos mais ancestrais, embora actualizantes, próprios de uma tradição judaico-cristã. O herói corresponde ao Herzog, ao guerreiro carismático com o seu séquito (Weber, op cit, pág. 10 e ss).

Sem comentários: