
sexta-feira, 11 de setembro de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009
Para uma interpretação de A ONDA - II
A Onda define uma situação simbólica que pressupõe domínio, altivez face à maré; é a afirmação da sumptuosidade do mar. Transpondo-se para o ser humano pode tomar-se num sentido vitalista e de afirmação do super-homem nietzscheano. No caso concreto da fita, a afirmação individual aparece-nos a partir de uma roupagem de autocracia e, simultaneamente, imbuída de um poder carismático, personificados no professor e de um poder legal, em Karo. São, penso eu, as personagens mais vincadas e, por isso, o filme gravita à volta das suas características. Contudo, há uma diferença: a personagem do professor é fabricada e a personagem de Karon é autêntica e, acima de tudo, racional.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Para uma interpretação de A ONDA - I
A Onda – Uma leitura à volta do poder
Perante a solicitação do professor Wenger sobre um exemplo de Autocracia, a turma respondeu num tom de inevitabilidade: o Nazismo. O tempo da inscrição histórica é facilmente esquecido quando a vulgaridade é a tónica do ensino. A soberba do presente e a respectiva projecção do futuro fazem esquecer o efeito pernicioso do poder quando não existe uma educação para o «mundo da vida» (entendido como raízes). Daí que o hiato entre a ordem e o caos seja muito ténue.
A transição da esfera privada (família) para a esfera pública (escola) é apresentada como possível condicionante das decisões tomadas pelos alunos. Para tal é dada especial atenção à esfera privada das principais personagens. Os universos são muito semelhantes. Todos apresentam linearidade entre os dois domínios, excepto Stolte cuja dinâmica privado-público é profundamente distinta. Desde o início, Stolte toma as posições mais radicais e bélicas – cujas razões mais à frente abordaremos -,, surpreendendo o professor o que demonstra o poder de atracção que A Onda exerce sobre os alunos que mais sujeitos estão à necessidade de reconhecimento.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Poder IV
A partir da descrição feita do chefe dos Nambiquaras na obra de Levi Strauss, parece claro a existência de uma liderança legitimada pela sua acção: na resolução dos problemas, na antecipação de situações, dinamismo na escolha de itinerários, em suma, o chefe é o que expõe, criando uma identidade grupal. Max Weber define bem este poder: «Probabilidade de impor a vontade a outrem.» (Max Weber, Três Tipos de Poder Legítimo, trad. Artur Mourão, www.lusosofia.net. Pág.3).
O Poder Legal caracteriza-se por uma autoridade possuidora de dois elementos fundamentais: heteronomia e heterocefalia. É resultado de uma vontade exterior ao indivíduo e, por isso, é formal. A regra é o seu leit motiv e o seu ideal é ordenar de acordo com objectivos pré-definidos. O objecto é burocrático, encontrando-se materializado, segundo Weber, nos modernos estados e nas empresas capitalistas (Max weber, op. cit. Pág. 4).
O Poder Tradicional existe para além da legalidade, legitimando-se na tradição dando corpo à máxima «valendo desde sempre» (Max Weber, op.cit , pág. 5). A dominação patriarcal é o seu máximo expoente e possui raízes numa subordinação inevitável face ao poder tradicional. Cria-se, por isso, uma rede de dependências, exercendo o governo por meio da aversão, da emoção, do agrado e, acima de tudo, dos favores pessoais. Weber apresenta dois tipos de poder tradicional: o poder segundo ordens e o poder puramente patriarcal (Weber, op cit, pág. 5 e ss). O primeiro está vinculado à estrutura patriarcal (clã, chefe de família…), é o tipo mais puro do poder tradicional; o segundo representa mais um nível de administração mas cuja servidão lhe está intimamente ligada. A posse é traduzível por este tipo de poder em que os meios de administração são inteiramente desenvolvidos e legitimados pelo senhor, diferenciando-se, por isso, do poder legal pela sua forma intrínseca de deliberação de normas.
Finalmente, o poder carismático vai corresponder com uma ruptura do poder tradicional. Reconhece-se no líder a capacidade para desviar as relações habituais. Caracteriza-se por uma dedicação especial, pelos seus discursos, revelações mágicas, pela postura heróica, a uma pessoa. Os seus tipos mais puros são a autoridade do profeta, o herói guerreiro e o demagogo. Este último é uma invenção dos estados ocidentais contemporâneos; os outros dois correspondem a mecanismos mais ancestrais, embora actualizantes, próprios de uma tradição judaico-cristã. O herói corresponde ao Herzog, ao guerreiro carismático com o seu séquito (Weber, op cit, pág. 10 e ss).